A Família em (Des)ordem
“As mudanças na família contemporânea concernem a seu funcionamento, mas não estou seguro de que a estrutura mude. Muitas dessas modificações encontram-se em outras sociedades, especialmente naquelas que estudam os antropólogos. Acredito que o parentesco não se alterou. Suas leis e suas funções continuam sendo as mesmas. As mudanças são suficientemente importantes para gerar nas famílias desassossego, medo e sofrimento, além de sentimento de liberdade, alívio e euforia quando as pessoas se dão conta de que ousaram transpor as barreiras que as aprisionavam. Em cada um de nós, surge culpa por querer romper com a tradição e fazer diferente de nossos pais e antepassados, e sentimento de triunfo quando nos apercebemos de que o fizemos sem pensar em querer nos mostrar superiores a nossos pais. Parece-me que essas duas linhas atuam constantemente e nos deslocam. Sobretudo, é difícil não ter modelos de referência para alicerçarmos quando abandonamos os antigos. Então, surgem desorientação e confusão. Um de meus artigos chama-se, precisamente, “a família desconsertada” (“a família déboussolée”, sem bússola).”
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