A terapia de casal permite elaborar o não dito, aceder e perceber a violência, que muitas vezes sai de uma forma desajustada.
“Estamos aqui porque pensamos já ter esgotado todas as nossas possibilidades de diálogo. Não conseguimos falar um com o outro sem ser a discutir, alias já nem sei o que é falarmos sem discutir, isso está sempre presente.. já tentámos a separação mais do que uma vez mas também não nos conseguimos separar.. temos uma filha com 6 anos, estamos juntos há 10, conhecemo-nos desde a nossa adolescência e sempre fomos presentes na vida um do outro. Agora chegámos a um ponto que não dá mais …
Tanto eu como ela tivemos vidas muito difíceis com os nossos pais, com muita violência. Não sei se isso poderá ter contribuído …é difícil encontrar consensos e uma forma nova de comunicar .. era isso que gostaríamos de mudar …” (retirado de uma sessão de casal)
Muitas vezes de uma relação ou casamento feliz e idealizado, sobra a tristeza a raiva a desilusão, os filhos, a casa.
O que fazer quando tudo parece desmoronar e o desgaste se impõe?
Todos somos portadores de uma herança genealógica que constitui o fundamento da nossa vida psíquica e que é processada inconscientemente; assim, a escolha do nosso parceiro/parceira não foge há regra e é adequada ás nossas necessidades emocionais.
O espaço do casal é um lugar, por excelência, onde acabamos por actuar e reproduzir o vivido interior e anterior. Vivências dolorosas, agressivas e violentas, quando não devidamente elaboradas e pensadas poderão ser reproduzidas na família e no casal. Quando o casal diz: “Não sei como chegámos aqui! Mas também não conseguimos parar…!”, é completamente verdadeiro pois o sujeito tem muita dificuldade em reconhecer este lado do seu funcionamento mental que se estende e se prende a conflitos por um lado ancestrais e, por outro, adquiridos no seu desenvolvimento de forma confusional.
A terapia de casal permite elaborar o não dito, aceder e perceber a violência, que muitas vezes sai de uma forma desajustada e é “despejada” em cima do outro elemento ou dos filhos; entre agressões verbais e físicas, o casal vai reproduzindo na sua relação muito do que viveu, escutou e aprendeu na sua família de origem.
A violência nem sempre é actuada.
Existem níveis de violência psicológica que é também ela destruidora e paralisante se o sujeito não considerar um tratamento. A violência transmitida depois aos filhos é o espelho e a ramificação que se pode perpetuar por gerações.
Autora: Lúcia Abrantes
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